terça-feira, 18 de março de 2008

Jornalismo Ambiental: a cobertura especializada de uma história quente

O Incêndio na Estação Ambiental do Taim, repercutiu na mídia gaúcha de forma expressiva. Jornais, sites, rádios e redes de televisão acompanharam e transmitiram a história. Mas, e o jornalismo especializado, como foi a sua cobertura do fato? O professor Sadi Sapper fala ao Atuação sobre o posicionamento do jornalismo Ambiental, frente a este acontecimento.
Atuação – A cobertura do incêndio na Estação Ambiental do Taim foi satisfatória quanto a complexidade do tema e a abordagem feita pela imprensa especializada?
Sadi – Há 3 níveis de avaliação da cobertura a serem feitos: do ponto de vista dos veículos, do ponto de vista da recepção e do ponto de visto dos cânones do que deveria ser um bom Jornalismo Ambiental. Sob este último aspecto, deixou a desejar, porque a cobertura foi localizada, isolada, tratando a questão como um mero fato policial ou acidente, de forma a-histórica. Do ponto de vista do público, não lembro de ninguém ter se queixado ou elogiado a cobertura, ou seja, não houve maior criticidade social, creio que por ser um período de férias e também porque, infelizmente, as pessoas parecem que já estão acostumadas com este tipo de problema. Quem deu maior cobertura ao fato foi a imprensa do Sul, especialmente a TV e a mídia impressa. Aquela parte do Taim que incendiou está no município de Rio Grande e creio que os meios de comunicação rio-grandinos foram parcimoniosos na cobertura.

Atuação – Que enfoques podem ser percebidos nessa cobertura?
Sadi – Creio que revistas especializadas que têm periodicidade bimestral, semestral, etc, ainda falarão sobre o episódio. Na mídia, em geral, houve uma certa salada de frutas, ou seja, o incêndio foi registrado em páginas policiais, em editorias de interior do Estado ou geral e, mais raramente, em coberturas especiais de meio ambiente. No material que li, não senti predominância daquele que deveria ser o grande binômio gerador e motivador do Jorn. Ambiental, ou seja, “Educação e Preservação”.

Atuação – Em comparação a outras pautas ambientais, a abordagem da mídia especializada foi satisfatória?
Sadi – Pelo que pude observar, deixou a desejar e não respondeu a questões essenciais, como por exemplo: Incêndios como esse podem se repetir? O que fazer para evitá-los? Qual foi o real prejuízo das espécies animais e vegetais do Taim? Qual é a fiscalização de que dispõe o Parque? Será que é possível manter uma Reserva dessa magnitude cortada ao meio por uma estrada por onde passam milhares de veículos, inclusive cargas tóxicas e perigosas, por dia?

Atuação – O que os acadêmicos que pretendem especializar-se em jornalismo ambiental podem aprender com a cobertura da imprensa especializada neste fato?
Sadi - Cada cobertura de um fato, se analisada, sempre nos traz lições, pelo que foi feito e pelo que ficou faltando. Uma bom exercício seria comparar o trabalho da mídia no episódio, tirar lições, fazer críticas. Ver o que as autoridades disseram e cobrar delas, no tempo certo, o conteúdo de suas justificativas e promessas. Uma dica: os estudantes que gostam disso, ainda que já vá fazer quase dois meses do incêndio, poderiam ir ao local, entrevistar pessoas, olhar e fotografar o que sobrou, enfim, montar o seu próprio quadro de referências e cotejá-lo com o que perceberam na cobertura da imprensa.

Por Larissa Reinhardt

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