sexta-feira, 18 de abril de 2008

A Imprensa X Caso Isabella

Nas últimas semanas os veículos de comunicação têm explorado muito as informações sobre o assassinato da menina Isabela Nardoni, em São Paulo, no dia 29 de março. As equipes de jornalismo das grandes empresas de comunicação do Brasil, acompanham todos os detalhes do caso.
A lei brasileira e explícita, ninguém é culpado, até que seja julgado e condenado. Este realmente foi um assassinato cruel, pois a menina, segundo informações da perícia, foi espancada, asfixiada e depois jogada do apartamento do pai, que está localizado no 6º andar do edifício London. Até o momento a polícia que investiga o caso, disse não ter encontrado evidências de uma terceira pessoa na cena do crime. Mas, também, não afirma categoricamente que o pai e madrasta são os assassinos.
A questão lançada é. Até que ponto os jornalistas e comentaristas que fazem a cobertura do caso estão influenciando as investigações e a opinião popular? A imprensa está emitindo juízo de valor como chegou a afirmar a defesa?
Sabemos que as investigações policiais podem mudar drasticamente o foco das investigações a qualquer momento, desde que os peritos descubram novas evidências. Logo é preciso que, tanto os policiais envolvidos na investigação, conseqüentemente, pressionados pela opinião pública e, principalmente, pela imprensa para apontar os responsáveis pelo crime, como os jornalistas e comentaristas que cobrem devem tomar cuidado com o que falam e a opinião que emite.
È preciso considerar que crianças são assassinadas diariamente no Brasil, em situações como a de Isabella ou ainda com mais crueldade e a imprensa não dá a mesma importância e atenção. Há poucos dias, uma grande rede fez uma reportagem sobre os assassinatos de crianças no Brasil e entrevistou mães que choram a mais de um ano a morte de seus filhos, sem saber o que aconteceu, porque a imprensa e a polícia não tiveram a mesma obstinação em investigar. Em um dos depoimentos apresentados a mãe questionou: “a polícia não se importa com os crimes contra os pobres, só porque meu filho não era rico, não é necessário apontar o culpado pela sua morte?”. É a pergunta que fica.

Por Mariza Pacheco

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